Proclamação da República 2018

No dia 15 de novembro de 1889, ocorre outro fato político fundamental no Brasil. Um golpe liderado por militares depõe o imperador Dom Pedro II, abole a monarquia parlamentarista e instaura o regime republicano de governo. Marechal Deodoro da Fonseca, que surpreendentemente era monarquista, torna-se presidente do governo provisório, formado assim com ele por membros da maçonaria. Sem discutir méritos e deméritos da proclamação, fato é que marca o ingresso no Brasil na modernidade política, que chegou tarde dado que existiam repúblicas no Novo Mundo pelo menos 150 anos antes e que as revoltas separatistas anteriores tinham, todas, caráter republicano. A Inconfidência Mineira em 1789 queria a instalação de uma república, assim como a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador em 1824 e a Revolução Farroupilha de 1839.

Se esses movimentos tivessem logro, muito provavelmente o Brasil seria subdividido em países menores e um passaporte seria necessário para que um paulistano curtisse o Carnaval em Salvador. Mas nada disso ocorreu. A monarquia, que conseguiu a independência preservou a unidade do País, caiu porque não cuidou da sua sustentação. A Guerra do Paraguai, 30 anos antes, ainda não tivera todas suas despesas pagas e gerava uma severa crise econômica. Os vitoriosos militares nos anos seguintes à guerra estavam sujeitos a um comando civil escolhido por ascendências familiares, sem mérito e escandalosamente melhor remunerado. Os escravos ao retornarem não foram alforriados. Os grandes latifundiários ainda não haviam engolido o fim da escravidão. Os abolicionistas criticavam Dom Pedro pela demora da Lei Aurea.

A Igreja reclamava da falta de autonomia porque as ordens papais eram cumpridas só com aval do imperador. Por fim, Dom Pedro II não teve filhos homens e acreditava-se que o poder, após a sua morte, passaria para um francês, o Conde D’Eu, casado com a princesa Isabel. Com tantos fatores contrários à sua sustentação, o inevitável ocorreu. O golpe teve sucesso, a família real foi exilada e retornou só em 1920. A proclamação deu início à lenta consolidação do novo regime, que, quase 130 anos depois, ainda sofre com solavancos civis, militares e parlamentares, que vez por outra jogam fora os votos depositados nas urnas. Mas, como diz o Chico Pinheiro, “vida que segue”… No calendario 2018, a data cai numa quinta-feira.

imagem: Proclamação da República (Benedito Calixto, Pinacoteca Municipal de São Paulo)
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