Revolução Constitucionalista 2025
Marcada por uma violenta revolta civil e um intenso amadurecimento político do País, a Revolução Constitucionalista de 1932 foi resultado de um longo conflito político na República Velha, a Política do Café com Leite, quando as oligarquias de Minas Gerais (o leite) e São Paulo (o café) revezavam-se na presidência do País. A treta foi a seguinte: em 1930, São Paulo decidiu que ia ter só café no rolê. O presidente paulista Washington Luís resolveu lançar seu sucessor Júlio Prestes candidato, que venceu as eleições e fez a república do pão de queijo possessa. Minas então articulou um golpe com o apoio da Paraíba e do Rio Grande do Sul para pôr no poder o gaúcho Getúlio Vargas.
Os golpistas chamaram o episódio de Revolução de 1930. Considerando que o objetivo era que as coisas ficassem como eram, sabe lá Deus por que acharam que aquilo foi uma revolução. Getúlio, ao assumir, como bom ditador que era, toca o terror com maestria. Cancela a Constituição de 1891, depõe governadores, nomeia interventores, faz o Diabo. Em 1931, São Paulo organiza uma oposição ao governo federal, exige uma nova Constituição e eleições gerais. Ao mesmo tempo, oficiais de média patente do Exército se organizavam em favor de São Paulo, o tenentismo paulista, movimento que, inclusive, contou com voluntários civis. Foi uma época tensa. Nas ruas, getulhistas e tenentistas brigavam, como fazem hoje os coxinhas e os mortadelas.
Em 1932, quatro estudantes, um deles herdeiro ‘quatrocentão’, Mario Martins de Almeida, Euclydes Bueno Miragaia, Dráuzio Marcondes de Souza e Antônio Américo de Camargo Andrade morrem em conflito com tropas federais. A morte dos MMDC, em referência a seus nomes, foi o estopim da crise. São Paulo se preparou para a guerra. Socialites doaram joias para financiar a resistência. Grupos de mulheres se voluntariaram para costurar uniformes. Trinta mil homens, a maior parte da Força Pública, a atual Polícia Militar, foram organizados nos frontes.
Eles lutaram por meses contra 100 mil soldados da união. Sem armas e o apoio logístico, acabaram derrotados. Mas conseguiram tudo o que queriam. Ainda em 1932 Getúlio se viu obrigado a convocar eleições gerais para uma nova Constituinte. Uma nova Constituição foi promulgada dois anos mais tarde. A alternância de poder deixou de ser regra. De lambuja, as mulheres do Brasil finalmente puderam votar. Os MMDC ganharam um mausoléu no Parque do Ibirapuera. Em 2025, a data cairá numa quarta. Se estiver em São Paulo, visite-o.
Imagem: Cartão Postal do MMDC, 1932, CPDOC/CDA Roberto Costa