Dia de São João

As festas dedicadas a São João Batista são umas das mais puras demonstrações da cultura brasileira. Realizadas de Norte a Sul do País, as Festas Juninas celebram não só o nascimento do santo, mas vida do brasileiro comum representado no “caipira”, em toda a sua simplicidade e alegria, numa festa que tem dentro de si várias comemorações e arquétipos da sociedade brasileira. Toda a festa de São João tem um casamento. Assim, há um padre, uma noiva, um pai descontente e um noivo. O padre é a autoridade religiosa, no Brasil rural colonial, era a mais alta instância simbólica de poder.

O pai da noiva, normalmente o coronel da pequena localidade, encarna o poder civil e o poder simbólico que a paternidade exerce sobre a família e a comunidade. Apesar da gravidez da filha e do inesperado genro, o pai está feliz por casá-la na Igreja e assim ter a honra de sua família preservada. O resto da sociedade está na quadrilha, a dança coletiva em pares, que inclui todos, pelo menos no contexto da celebração. Há fogos de artifícios, brincadeiras para as crianças, uma grande fogueira, música, animação, abundância de comidas e bebidas típicas.

A festa é tão boa que nem parece religiosa. As festas juninas são, de certa forma, a celebração da ‘boa nova’ cristã. Talvez por isso não sejam sisudas como outras festas religiosas. Na tradição católica, João Batista é aquele que anuncia a chegada do Salvador, Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus responsável por retirar do mundo o pecado e deixar a todos uma promessa de vida plena junto a Deus. João Batista é aquele que antevê o papel de Jesus antes mesmo dos discípulos, dizendo não ser “digno sequer de amarrar Seus calçados”. No entanto, batiza Jesus no Jordão, marca o início da Sua vida pública de pregações e milagres.

Imagem: Cidade cenográfica do São João de Campina Grande, Paraíba, Brasil @Kyller Costa Gorgônio